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Responsabilidade da companhia aérea: direitos do passageiro e da bagagem

Até onde vai a responsabilidade da companhia aérea com o passageiro e sua mala? Onde começa e onde termina?

Quando você compra uma passagem, nasce um contrato de transporte: a empresa assume deveres com você (passageiro) e com a sua bagagem. Essas obrigações vêm de três fontes: ANAC (Resolução 400/2016)Código de Defesa do Consumidor (CDC) e, em voos internacionais, a Convenção de Montreal. Em linhas gerais:

  • Voos domésticos: ANAC + CDC.
  • Voos internacionais: ANAC + Convenção de Montreal (para danos materiais) + CDC (em especial para práticas abusivas e danos morais).

Bagagem: quando começa e quando termina a responsabilidade?

a) No check-in até a restituição

A companhia é responsável pela bagagem despachada desde o momento em que a recebe, durante o transporte e até a entrega na esteira. Receber sem contestar gera presunção de que a mala foi entregue em bom estado; por isso, verifique ali mesmo e registre o problema imediatamente (protesto no balcão) em caso de violação, avaria ou extravio.

b) Prazos da ANAC para localizar ou indenizar

Se houver extravio:

  • 7 dias para localizar e devolver em voo doméstico;
  • 21 dias para voo internacional;
  • Não localizando no prazo, a empresa tem 7 dias para indenizar.

c) Gastos emergenciais enquanto a mala não aparece

Se você estiver fora do domicílio, tem direito a reembolso de gastos essenciais (itens de higiene, roupas básicas). Guarde notas e protocole com a companhia; o pagamento deve ocorrer em até 7 dias após a apresentação dos comprovantes.

d) Bagagem avariada ou violada

A empresa deve reparar, substituir ou indenizar. Reclame na hora da retirada e peça Relatório de Irregularidade de Bagagem (RIB/PIR). Os prazos regulatórios não afastam o dever de indenizar se houver atraso injustificado na devolução ou dano efetivo

Voos internacionais: qual é o “teto” de indenização?

Em voos internacionais, os danos materiais por extravio, perda ou avaria de bagagem seguem os limites da Convenção de Montreal (salvo declaração especial de valor feita e paga no check-in). Já os danos morais não ficam, em regra, sujeitos a esse teto e podem ser avaliados à luz do CDC e do caso concreto.

Dica prática: se a sua mala tem itens de alto valor (ex.: equipamentos), considere declarar o valor no despacho para elevar o limite de cobertura.

Atrasos e cancelamentos: quando há (ou não) dano moral?

Os tribunais vêm restringindo a ideia de que qualquer atraso gera dano moral automático. É preciso avaliar tempo de atrasoassistência prestada (informação, alimentação, hospedagem, reacomodação) e impacto real (perda de evento, conexão, tratamento etc.). Não há “regra de ouro”, mas atrasos relevantes sem assistência costumam render condenações.

Quem responde além da companhia aérea? Agência, operadora e codeshare

Em pacotes de viagem e em certas hipóteses de intermediação, a responsabilidade pode ser solidária, permitindo ao consumidor processar qualquer integrante da cadeia (agência, operadora e companhia), cabendo o acerto entre elas depois. Houve decisões do STJ reconhecendo solidariedade inclusive quando a agência só vendeu a passagem, por dever de informação — mas há julgados que limitam a solidariedade a pacotes completos. Resultado: tema controvertido, avaliado caso a caso

Passo a passo: o que fazer se der problema com sua bagagem

  1. Documente tudo: foto da mala antes de despachar; etiquetas; cartões de embarque; fotos da esteira vazia.
  2. Registre o RIB/PIR no aeroporto imediatamente (protesto). Peça protocolo.
  3. Guarde recibos de gastos essenciais (se fora do domicílio). Peça reembolso em até 7 dias após enviar comprovantes.
  4. Acompanhe os prazos: 7 dias (doméstico) / 21 dias (internacional) para localização; não localizou, indenização em 7 dias
  5. Persistindo o problema, faça reclamação na ANAC e no Procon e avalie ação judicial para danos materiais e morais, quando cabível. (Base: CDC, ANAC 400, Montreal).

A Disputa entre o Código de Defesa do Consumidor e a Convenção de Montreal

Uma grande discussão jurídica envolve a aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da Convenção de Montreal em casos de problemas com voos internacionais. O CDC prevê uma reparação integral dos danos sofridos pelo consumidor, enquanto a Convenção de Montreal estabelece limites para as indenizações. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, em voos internacionais, as regras da Convenção de Montreal prevalecem sobre o CDC no que diz respeito aos danos materiais (extravio de bagagem, por exemplo). No entanto, para os danos morais, a jurisprudência majoritária entende que o CDC deve ser aplicado, permitindo uma indenização mais justa e completa pelos transtornos sofridos pelo passageiro.

Onde termina a responsabilidade?

  • Passageiro: responder por itens proibidosmau acondicionamento (ex.: líquidos sem proteção) e informação falsa (ex.: peso/volume).
  • Em voos internacionaisdanos materiais seguem os limites de Montreal, e danos morais podem ser analisados fora do teto, conforme jurisprudência.
  • Companhia aérea: responde por custódia, transporte e entrega da bagagem despachada nos prazos; por assistência em atrasos/cancelamentos; por informação clara; e por indenizar quando houver extravio, dano ou atraso com prejuízo.

 

 

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Perguntas frequentes

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